sábado, 28 de junho de 2014

O que é musicalização?

Mario de Andrade sempre perguntava aos novos alunos do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo para que se matriculavam naquela escola. Cada um respondia conforme seu interesse específico (instrumento/canto), mas a resposta que ele queria mesmo ouvir, é que tinham entrado naquela escola para aprender música.

Música não se resume a tocar e cantar, a ler e escrever partituras, a saber teoria musical, história da música, contraponto, harmonia, análise e prática de conjunto. Aprender música implica em aprender tudo isso, mas também em saber apreciar, saber analisar e formar sua própria opinião a respeito da produção musical antiga e atual.

Um dos trabalhos do curso de especialização era contar como se deu o meu processo de iniciação musical. Primeiro pensei em relatar meu ingresso nas aulas de piano, aos 5 ou 6 anos de idade, mas lendo o material recomendado, percebi que era anterior, então lembrei-me das aulas de ballet, que comecei alguns meses antes do piano, nas quais eu tive um grande contato com a música erudita, principalmente de piano. Ainda não era isso, e recordei-me das aulas de bandinha rítmica na escola, quando a professora trazia seu acordeon para a salda de aula e nós tocávamos muito felizes os instrumentos de percussão. De repente dei-me conta de que minha iniciação musical começou muito antes, desde o meu nascimento. Lembro-me de minha avó cantar suavemente um dos mais famosos acalantos do mundo, a Berceuse de Brahms. Também minha avó, me incentivava brincando de roda, ouvindo discos de historinhas e fábulas, músicas de musicais infantis, e até mesmo de gravarmos nossas releituras das músicas desses discos.

Enfim, a música faz parte de nossa vida, portanto, nossa iniciação musical começa no berço, ou até mesmo no ventre materno, e não na escola de música ou na aula de musicalização na escola de educação infantil ou ensino fundamental. Portanto, nossa família é importantíssima em nossa formação musical, afinal, todos os ambientes que freqüentamos estão repletos de elementos musicais que apreciamos, analisamos e reproduzimos com maior ou menor freqüência, conforme nosso gosto e estímulos reforçados por quem nos cerca. Dessa forma, as aulas formais de iniciação musical, não são exatamente nossa iniciação, daí a necessidade de resgatar as tradições e costumes de cada pessoa, de cada família e da região em que estamos. Esse resgate tem por objetivo fazer com que todos conheçam e vivam as tradições de modo a preservar a cultura e o saber popular.

terça-feira, 22 de abril de 2014

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

VOZ: nosso primeiro instrumento

A voz é o nosso primeiro instrumento musical. Natural, orgânico, gratuito.
Mas temos de saber utilizá-la, pois pode se desgastar com facilidade e como tudo na vida, consertar sempre dispende tempo e recursos.

Será que estamos tratando bem das nossas vozes?

Infelizmente, nos cursos de formação de professores não há uma disciplina (ainda) que trate desse assunto tão importante, afinal, a voz é o principal veículo utilizado no magistério. Mesmo aqueles professores que têm turmas pequenas fazem uso constante de suas vozes, e precisam ter uma orientação de saúde vocal para mantê-la.

Que levante a mão o professor que nunca sentiu fadiga vocal!

Sim, já vi excelentes profissionais da música queixarem-se do desgaste devido a uma sala de aula grande, ruidosa, com grande número de alunos e outras condições prejudiciais à fonação. Temos uma realidade ainda muito propícia aos distúrbios vocais, e uma cultura de receitas de remédios caseiros que perpetua ainda mais os vícios e a falta de consciência do uso da voz profissional.

Muitas vezes, quando usamos a expressão "voz profissional", a reação dos expectadores é dizer que não são cantores ou locutores, que não sabem cantar, que têm voz de taquara rachada ou são apenas cantores de chuveiro. Mas a realidade é bem diferente. Muitos de nós não se apercebe como profissional da voz, e por isso mesmo relaxa e adquire práticas até mesmo insalubres em relação à própria voz.

E aqui vão algumas perguntas aos professores:

- Você se espreguiça ao se levantar de manhã?
- Você faz algum alongamento corporal?
- Bebe água com freqüência?
- Faz exercícios de respiração, articulação e projeção da voz?
- Você grita em certos momentos do dia-a-dia no trabalho?
- Você fala virado para a lousa de sua sala de aula?
- Você consome leite e derivados no intervalo das aulas?
- Você compete vocalmente com o ruído do seu ambiente de trabalho?

Se cada um de nós ao responder a essas perguntas, começar a perceber essas situações, será o primeiro passo para a nossa conscientização dos riscos aos quais deixamos nossas vozes expostas. Daí para a frente, cabe a nós buscar instrução e mudar esses hábitos.

É importante procurar um fonoaudiólogo para fazer uma avaliação das pregas vocais e receber orientação sobre os cuidados com a voz.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Musica de que qualidade

Há tempos que o ensino de música não é levado a sério no Brasil.
Tivemos curtos períodos de bons projetos de ensino musical em nosso país, mas que esbarraram em muitas questões políticas, em disputa de poder e captação de recursos internacionais que jogaram a educação de um lado para o outro, sem nenhuma ideologia verdadeira e contínua. Tivemos muitos educadores e pensadores da educação bem intencionados e comprometidos, porém, o que sempre importou aqui foi o dinheiro, e por isso, quanto mais fragmentado for o ensino, menores as perspectivas de uma boa formação do povo, e povo que tem pouca instrução é facilmente manipulado, o que faz com que os votos sejam garantidos a custas de políticas públicas de fachada, eleitoreiras, que fazem muita propaganda e cumprem o objetivo de eleger quem paga mais aos marqueteiros que têm mais "manha" para ludibriar os eleitores brasileiros.

Desde os anos 1990, temos um movimento crescente de organizações não-governamentais e também de projetos culturais que vivem de ganhar editais públicos para realizar temporariamente funções que os serviços públicos não mais oferecem à população brasileira.

Dentre esses projetos, há pessoas muito sérias e bem intencionadas, que realmente querem levar cultura a todos, que lutam pela continuidade de suas ações. Muitos não têm muitas chances de conseguir esse objetivo, pois ainda são pequenos e por isso, conseguir patrocínio é mais difícil, dada a pouca visibilidade que seria o retorno aos patrocinadores. Outros, ao contrário, têm muita visibilidade e conseguem muitos patrocínios. Dentre esses, há aqueles projetos que primam pela excelência, não poupam esforços para conseguir alcançar altos patamares, e há também aqueles que conseguem formular um esquema que dê algum resultado e grande divulgação, e adotam essa fórmula mágica e a massificam, não importando o potencial de cada grupo para que haja um crescimento real e desafiador.

Tenho visto alguns projetos lindos, e também outros que trazem apenas "mais do mesmo". Lógico que tocar peças eruditas popularizadas e com arranjos facilitados é infinitamente melhor do que as músicas veiculadas pelos programas de TV e rádio massificadores, que não têm a mínima preocupação com o conteúdo das letras das músicas e posturas duvidosas - para não dizer imorais - de seus intérpretes, cujos objetivos são a fama e a "grana" a qualquer custo.

É inevitável o questionamento da qualidade da cultura musical oferecida atualmente. Aliás, será que temos formação suficiente para fazer esse julgamento e responder a esse questionamento com propriedade?

Este é apenas o início de uma reflexão a partir de notícias que tenho lido e também de experiências como ouvinte e participante de alguns projetos no ensino público brasileiro em variados níveis, no que tange ao ensino e divulgação da música.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

sábado, 13 de julho de 2013

DISCERNIMENTO

Eu tenho o privilégio de ter contato com bons músicos, que me oferecem aulas de excelência e crescimento musical constante. Tudo bem que minha trajetória foge a qualquer plano de estudos, mas o importante é fazer música conscientemente, com qualidade e cada vez melhor. 

Tenho visto na internet alguns materiais produzidos sem nenhuma qualidade ou senso crítico. São apostilas com erros gritantes sobre a estrutura da linguagem musical (partituras), material em áudio e vídeo com intérpretes desafinados e músicas sem nenhum sentido ou conteúdo que se aproveite. Hoje temos tantas facilidades de acesso a tudo, mas muitos se empenham em se auto-promover, não importando se há ou não qualidade no que fazem. Só importam os números de visualizações no canal de vídeo e as "curtidas" na rede social do momento, a tal da "popularidade". 

E sabe o que é pior? Essas pessoas fazem a divulgação de seus trabalhos em diversos grupos que a princípio são de educadores musicais, e ninguém se pronuncia contra ou aponta o que deve ser melhorado, ninguém se dá ao trabalho de conhecer o trabalho que o tal colega está divulgando. Existe uma espécie de obrigação de curtir o que os "colegas" postam, mas a maioria curte sem realmente abrir o trabalho, sem ouvir, sem ler o que foi escrito, daí a "condescendência" e a "camaradagem" de promover tanta porcaria na internet. 

A vida inteira eu fui muito cordata, daquelas pessoas que ficam ocultas nos grupos, que não dão trabalho para os professores, que não se sobressaem, e os bons trabalhos e boas notas são vistos como obrigação de uma estudante comum. O tempo foi passando, levei isto também para o meu trabalho, sofri muito, pois não é possível ser professora de nível I (até a 4ª série) sendo assim, pelo contrário, é preciso se impor para que os alunos sosseguem um pouco e acompanhem a sua aula. Com o passar do tempo fui aprendendo a me posicionar, a assumir minhas opiniões e a lutar pelo que acredito, pelo que considero certo. Mas o problema é que a maioria das pessoas não se enquadra em nenhum desses dois "modelos", a maioria fala demais, se mostra demais, mas na verdade não tem nada útil a acrescentar, mas faz um enorme barulho, tumultua reuniões sérias, desvia assuntos e faz com que os poucos interessados em realmente fazer o mundo andar, percam seu tempo e as oportunidades de exporem seus pensamentos e tentar trazer quem ainda está perdido para essa reflexão coletiva. Não quero convencer ninguém que o que eu ou alguns "amigos" pensam e falam seja o certo, mas sim que as pessoas deixem de pensar em futilidades e em questões particulares, e venham para o debate de ideias e concepções pedagógicas atuais, para conseguirmos dialogar e chegar em nossas aulas com mais vigor, entusiasmados e bem preparados para educar. Como ser educador sem ser crítico?
Como aceitar que uma apostila de música cheia de erros seja divulgada em grupos de professores e ninguém os perceba?
Como curtir videos de músicas pra lá de desafinadas?
Como aceitar que essa mesma pessoa ainda divulgue a venda de seus kits musicais para escolas e professores de educação infantil e até de música?
Que tipo de música será trabalhada nas nossas escolas, apenas para cumprir a lei federal?


quinta-feira, 23 de maio de 2013

Transmissão ao vivo do Encontro no RJ

Assista ao vivo ao I Encontro Internacional de Educação Musical - "Um novo tempo para a música na educação" pelo link: http://v3.webcasters.com.br/Login.aspx?codTransmissao=147982



I Encontro Internacional de Educação Musical
"Um novo tempo para a música na educação"

Local: Colégio Brasileiro de Altos Estudos (CBAE)/ Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ,
à av. Rui Barbosa, 762 – Flamengo, RJ
23 de maio
9h  ̶ Discurso de Abertura

9h15  ̶ Orquestra Sinfônica de Barra Mansa, Projeto  nas Escolas de Barra Mansa, Escola Mirim Herdeiros  da Vila.

10h. Mesa I – Um novo tempo para a música na educação brasileira: pelo aperfeiçoamento do modelo de implantação da Lei 11.769/2008
Homenagem in memoriam: Prof. Doutor Aloisio Teixeira
Debate sobre o modelo de implantação da Lei, através do diálogo entre poder o poder público e o setor, considerando o papel das práticas musicais na edificação de uma educação global.
·         Aloizio Mercadante - Ministro de Estado da Educação
·         Marta Suplicy - Ministra de Estado da Cultura
·         Maria Rebeca Otero Gomes, Coordenadora do Setor de Educação da Delegação da UNESCO
·         José Fernandes de Lima - Presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE)
·         Margaret Barret - Presidente da International Society for Music Education (ISME)
·         Ethel Moreno Batres - Presidente da Federação Latino-americana de Educação Musical (FLADEM)
·         Magali Kleber - Presidente da Associação Brasileira de Educação Musical (ABEM)
·         Gilberto Figueiredo - Diretor da Escola de Música da Rocinha
Moderação: Jandira Feghali - Deputada Federal e Presidente da Frente Parlamentar Mista de Cultura

14h às 16h30. Mesa II – Música nas escolas: as experiências pedagógicas.
Iniciativas exitosas no Brasil e no exterior, considerando os melhores programas escolares e extraescolares que podem ser implementados em coordenação com a atividade letiva nos vários ciclos do ensino fundamental.
·         Per Eckedahl - Presidente das Jeunesses Musicales International (Suécia)
·         Profa. Madeleine Zulauf - Universidade de Artes de Berna (Suíça)
·         Profa. Dra. Adriana Rodrigues Didier, Diretora Técnico-Cultural do Conservatório Brasileiro de Música
·         Prof. Dr. José Nunes Fernandes, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - Uni-Rio
·         Prof. Dr. Celso Ramalho, Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ
Moderação: Felipe Radicetti, compositor

17h – Apresentação do Quinteto Experimental de Sopros da UFRJ.
24 de maio
9h às 11h30h. Mesa III – Propostas para aperfeiçoamento do modelo de implementação da Lei 11.769/2008
Comunicados dos três Grupos de Trabalho (Música, Educação e Cultura no Brasil; Música na Educação Básica e Música na base da educação; e Quem são os Educadores Musicais?) para estabelecerem princípios norteadores na construção de um projeto musical da Educação Básica.
·         Profa. Dra. Regina Meireles
·         Profa. Dra. Andréa Albuquerque Adour
·         Prof. Dr. Marcos Nogueira
Moderação: Prof. Dr. Celso Ramalho

11h30 - Encerramento com o Conjunto de Saxofones da UFRJ

Aquecimento para o Encontro no RJ

https://archive.org/details/DIA17MUSICANAESCOLA

Flash mob pela Educação Musical nas Escolas


http://vimeo.com/66761678
FlashMob Central do Brasil from Fórum UFRJ on Vimeo.

Como parte da campanha "Quero educação musical na escola”, a Orquestra Sinfônica da UFRJ e o Brasil Ensemble participaram, dia 16 de maio, de um flash mob na Central do Brasil. Promovido pelo Fórum de Ciência e Cultura (FCC), a Escola de Música (EM) e a Pró-reitora de Extensão (PR-5) a iniciativa mobilizou mais de 80 alunos da EM entre instrumentistas e cantores.

Leia a matéria de Francisco Conte na íntegra em Flash mob pela Educação Musical nas Escolas


sexta-feira, 3 de maio de 2013

Bons ventos para a Educação Musical no Brasil

Há cerca de um mês, fiquei chocada com algumas notícias sobre um "plano estratégico" anunciado pelo ministro da Educação, Aloísio Mercadante, em parceria com o Ministério da Educação, de Marta Suplicy. Trata-se de uma solução incrível de implantar em TODAS as escolas de atenção básica do país uma "Orquestra de Câmara" para ensinar "Música Clássica" aos alunos (21 instrumentos)... Tal proposta, eu considero no mínimo elitista, preconceituosa e excludente, contrária até mesmo à justificativa do veto ao parágrafo da Lei 11.769/2008, que versava sobre a formação específica dos professores que trabalhariam música nas nossas escolas. Uma visão reducionista e arcaica de que Educação Musical se limita à música erudita (Música Clássica é outra coisa), como se toda a cultura musical popular não tivesse valor e permanecesse marginalizada em pleno 3º milênio como inferior, negando-se a bagagem cultural do povo brasileiro, de sua história e até mesmo a música internacional não erudita.

Hoje eu tomei conhecimento de uma outra notícia, a qual começou a me deixar otimista em relação ao futuro da Educação Musical no Brasil. Após quase 5 anos da publicação da lei que torna obrigatória a Música na educação básica, tendo já passado o prazo de ter se estruturado e estabelecido as maneiras de implementá-la nas escolas, finalmente vejo a o anúncio dos Ministérios da Educação e da Cultura num evento que discutirá sua implantação junto a entidades preocupadas com a Educação Musical do Brasil e do exterior, na Escola de Música da UFRJ, e que ao final, pretende apresentar numa mesa redonda "Propostas para o aperfeiçoamento do modelo de implementação da Lei 11.769/2008", que deverão compor um livro. Confiram: ‘P  ropostas para o aperfeiçoamento do modelo de implementação da Lei 11.769/2008’ e cujo conteúdo se desdobrará em livro”, informa o professor Celso.‘Propostas para o aperfeiçoamento do modelo de implementação da Lei 11.769/2008’ e cujo conteúdo se desdobrará em livro”, informa o professor Celso.‘Propostas para o aperfeiçoamento do modelo de implementação da Lei 11.769/2008’ e cujo conteúdo se desdobrará em livro”, informa o professor Celso.‘Propostas para o aperfeiçoamento do modelo de implementação da Lei 11.769/2008’ e cujo conteúdo se desdobrará em livro”, informa o professor Celso.‘Propostas para o aperfeiçoamento do modelo de implementação da Lei 11.769/2008’ e cujo conteúdo se desdobrará em livro”, informa o professor Celso.


quarta-feira, 24 de abril de 2013

TV OPES

A Orquestra Petrobrás Sinfônica tem um canal de TV no YouTube com vídeos explicativos sobre a orquestra.