quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

FANTASIA - Disney

Quando entrou em produção, Walt Disney tinha em mente que FANTASIA fosse um perpétuo trabalho em progresso: isso significa que ele seria lançado e relançado com novos e velhos segmentos, sempre estando atualizado. Infelizmente, os números não contribuíram para que isso tornar-se realidade.

Os críticos da época não apoiaram essa produção, e com o início da 2ª guerra mundia, tudo ficou muito mais complicado também para os estúdios Disney.



BACH - Tocata e Fuga em Ré menor
A abertura do programa fica por conta do segmento “Toccata And Fugue In D Minor” do compositor Johann Sebastian Bach. Pela primeira vez, Disney e seus artistas se arriscaram no mundo da abstração, produzindo um grande segmento onde a equipe de efeitos especiais tem a chance de colocar todo o seu talento a vista na tela. Ainda que não tem a mesma carga de entretenimento dos próximos desenhos, "Toccata" pode ser considerado a seqüência mais ousada de todo o filme. De fato, provavelmente nunca vimos ou veremos outra obra como esta em animação. Ainda temos um bom modo de dar a tonalidade ao filme, com metade do segmento sendo composto de cenas de Stokowski e a orquestra.

TCHAIKOVSKY - Suíte Quebra-nozes

O próximo segmento se trata do famoso balé "The Nutcracker Suite" de Tchaikovsky. Disney e seus artistas tomaram um caminho diferente da tradicional estória envolvendo brinquedos, fazendo uma própria interpretação da música. O que veremos na tela é um número que simboliza as estações do ano através de fadas aladas e outros elementos da natureza, como flores e peixes bailarinos, cogumelos chineses e ainda cravos russos. O diretor Samuel Armstrong faz um competente trabalho interligando todas as partes individuais do balé em apenas uma peça, com cada uma delas simbolizando uma estação do ano.


DUKAS - O Aprendiz de Feiticeiro

“O Aprendiz de Feiticeiro” de Paul Dukas é o terceiro número e talvez o menos ambicioso de FANTASIA, o que não o torna diminutivo diante dos outros segmentos. A verdade é que “O Aprendiz” é a mais famosa e querida das peças entre o público, sendo que foi o pontapé inicial para a produção de todo o resto do filme. Este é um dos únicos segmentos que retrata exatamente a história idealizada pelo compositor ao escrever a música, e neste caso vemos Mickey no papel do feiticeiro afobado que quer aprender seu ofício antes da hora. Ele rouba o chapéu mágico de seu mestre e dá vida à um bando de vassouras para encher o caldeirão de água no seu lugar. Como resultado de sua teimosia, o camundongo cria algo que nem ele mesmo sabe controlar. Fred Moore é o diretor de animação do Mickey neste segmento e foi o principal responsável pela renovação do design do personagem vista aqui. Ele ganhou olhos muito mais expressivos e um corpo com formas mais flexíveis e ainda, de certa forma, críveis.


STRAVINSKY - A Sagração da Primavera
Dos músicos cujas composições foram usadas em FANTASIA, o único vivo na época era Igor Stravinsky, cuja criação "The Rite of Spring" é vista na tela como uma explicação científica da evolução da vida na Terra, desde os primeiros seres microscópicos aos gigantes dinossauros. Stravinsky, que na época disse que a interpretação de Disney era exatamente o que ele havia imaginado, anos depois declarou uma certa descontentarão com o desenho, mas isso provavelmente se deve às alterações feitas na música sem sua permissão.

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INTERVALO

BEETHOVEN - Pastoral

Abrimos o segundo ato do programa com sexta composição de Bethoven, "The Pastoral Simphony", que rendeu provavelmente o segmento mais gracioso da fita. Com seu cenário mitológico, o Monte Olimpo, o elenco de personagens é composto de figuras tão fantasiosas quanto, como cavalos alados que cortam o céu, sátiros que saltam pelos campos, cupidos e ainda centauros e suas namoradas centaurettes. Curiosamente, a música originalmente escolhida para a peça era "Cydalise" de Pyerné, mas Walt resolveu mudar para Bethoven quando sentiu que esta não fornecia o suporte suficiente para desenvolver a história.

1ª parte

2ª parte

3ª parte

PONCHIELLI - Dança das Horas

"Dance of the Hours" de Ponchielli entra em cena no momento propício, principalmente para agradar aqueles que estavam achando o filme dramático demais. Uma sátira ao balé clássico que representa as horas do dia por um grupo de animais- avestruzes, hipopótamos, elefantes e jacarés.

1ª parte
2ª parte

MUSSORGSKY - Uma Noite no Monte Calvo

O grande final de FANTASIA vem na forma da união de duas peças que completam uma a outra. A primeira é "Night on Bald Montain" de Modeste Mussorgsky, ilustrada pelo demônio Chernabog que vive no alto da montanha, e na noite de Hallowen vem atormentar as almas do vilarejo. Este poderoso desenho se afirma ainda nos dias de hoje como a mais sinistra e adulta obra já produzida pelo estúdio, algo que dificilmente seria aceito pelos executivos nos dias de hoje, devido aos padrões do 'politicamente correto'. A maravilhosa animação de Chernabog por Vladimir Tytla ajuda ainda mais a complementar a apresentação.


SCHUBERT - Ave Maria

Interligado com "Uma Noite no Monte Calvo", vem a belíssima e mundialmente famosa "Ave Maria" de Franz Schubert, que fecha o filme. Talvez o mais simples dos segmentos - uma procissão religiosa que segue até uma capela gótica - e ainda um dos mais complexos, com os intrincados design de Kay Nielsen e um dos mais extensivos usos da câmera multiplanos.



Walt Disney pediu ao autor e romancista Rachel Field (1894-1942) para escrever novas letras para a Ave Maria de Schubert. A gravação para a animação de Disney foi feita pela soprano Julietta Novis e coral.

Ave Maria, Heaven's bride
The bells ring out in solemn praise
For you the anguish and the pride
The living glory of our nights and days

The Prince of Peace your arms embrace
While hosts of darkness fade and cower
Oh, save us, Mother full of grace
In life, and in our dying hour

Ave Maria, a noiva do Céu
Os sinos soam em louvor solene
Para você a angústia e o orgulho
A glória de vida das nossas noites e dias

O Príncipe da Paz abre os braços
Enquanto das 
Oh, salve-nos, Mãe cheia de graça
Na vida e na nossa hora de morrer.

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